terça-feira, 10 de julho de 2007

Porquê uma Associação? Porquê São Brissos? Porquê contestar o traçado do IP2?

A São Brissos – Cidadãos pelo Ambiente e Desenvolvimento de Estremoz nasce da contestação ao traçado que a Estradas de Portugal escolheu para ligar a A6 ao IP2 no concelho de Estremoz. Mas a Associação pretende contribuir para o debate de outras questões essenciais para Estremoz, reunindo as vozes de todos os que se interessam pela preservação, requalificação e desenvolvimento sustentado desta zona única.
Recentemente, o traçado da IP2 foi mais uma vez alterado pela Estradas de Portugal, sem grande informação pública. O novo traçado, tal como o anterior, representa uma ameaça grave. Para alguns dos promotores da São Brissos, começou por ser uma ameaça individual. Mas para todos os que não olham só para o pé da porta, a ameaça mostrou desde logo a necessidade de alertar a consciência colectiva.
De facto, a nossa contestação a este traçado não visa defender interesses particulares, e aliás legítimos, daqueles que são afectados mais directamente, mas sim o interesse colectivo, face a uma obra pública com um impacto negativo catastrófico na identidade própria de Estremoz e no seu desenvolvimento sustentado.
Se a estrada viesse a ser construída de acordo com o traçado em discussão, veríamos comprometido o potencial de desenvolvimento do concelho, com prejuízos irremediáveis a nível ambiental, a nível económico e a nível social.
Por isso, é preciso fazer ouvir argumentos de elementar bom senso e promover o debate sobre uma obra que tem que ser pensada à luz de uma visão estratégica integrada para o concelho de Estremoz e não como uma peça isolada que, mal colocada, inviabilizará um crescimento harmonioso, consistente, positivo para todos os que aqui vivem e gostam desta terra.
O novo traçado nada traz de positivo face ao traçado de 2005 que motivou na altura os promotores da São Brissos a lançarem o debate e um abaixo- assinado que reuniu em poucos dias mais de duas centenas de assinaturas. Aliás desde o início da década de 90, quando foi escolhido o lado poente da cidade para o traçado da IP2, que o erro nasceu. Posteriormente novas versões e novos erros aconteceram.
Entre muitos outros impactos negativos, a IP2 atravessava o monte de São Brissos, um local histórico, com oliveiras milenares e uma paisagem única. A contestação proporcionou que a Direcção Geral de Florestas visitasse o local onde se ergue a ermida de São Brissos e classificasse o arvoredo como de interesse público. No entanto, essa classificação foi considerada pela Estradas de Portugal como um obstáculo a contornar facilmente – o desenho da estrada passou a ser desenhada a 50 metros do limite da zona de protecção, continuando a afectar, na prática, toda a zona a proteger. E a verdade é que esse e todos os outros impactos negativos foram ignorados.
O interesse da estrada não se discute. Mas ela tem que servir Estremoz e não ser servida à custa de enormes e irreparáveis prejuízos. A estrada vem trazer algo de novo – ainda bem, se servir não só para tirar o trânsito de pesados do centro da cidade mas também para impulsionar a requalificação de zonas degradadas, atrair visitantes através de acessos directos e respeitar equilíbrios ambientais conseguidos ao longo de muitos anos e que são um bem público único e genuíno.
È preciso respeitar uma história com muitos séculos, dar valor ao que existe, estudar como a estrada se vai integrar e qual a mais valia que traz.
Por tudo isto, decidimos promover a constituição da associação São Brissos - Cidadãos pelo Ambiente e Desenvolvimento de Estremoz que, como primeira iniciativa, está a promover o debate sobre o traçado que mais interessa a Estremoz. Este blog é uma das formas de reflectir sobre a questão. E porque acreditamos que o bom senso prevalecerá e que os interesses do concelho ganharão, chamámos a este blog IP2-Estremoz 3.

1 comentário:

Manuel de Sousa disse...

viva o despertar da consciência colectiva e a democracia participada!
e esta luta vamos ganhar, nem que seja no prolongamento!